ser ruim em algo é um ato de coragem
sobre o que acontece quando a gente se permite errar
eu tenho evitado escrever há uns quantos dias. no início me iludi dizendo que era porque estava “muito ocupada” e que “não tinha tempo”. mas a verdade é que isso ficou (talvez, quem sabe) real demais.
é claro que a gente começa a escrever esperando que alguém leia. mas quando realmente alguém começou a ler, aquele pensamento paralisante veio a tona: “eu não sou boa o suficiente”.
só que é tão injusto pensar assim, porque eu sei que eu não vou ser a melhor em algo que eu comecei agora, mas por alguma razão desconhecida a gente ainda quer que seja assim.
não sei dizer quantas vezes já desisti de algo por não ser boa naquilo. a lista de hobbies pela metade é interminável.
e quando eu olho para trás eram coisas que eu gostava de fazer, mas eu não continuei por não ser a melhor. o mais engraçado é que na maioria das vezes eu nem queria ser a melhor, mas eu sentia uma pressão externa muito grande para ser. uma pressão que só existia na minha cabeça, porque ninguém realmente estava me pressionando.
o melhor exemplo que eu posso dar é quando eu comecei a jogar beach tennis. já tive receio de sequer começar, porque sabia que era um esporte elitizado, mas decidi tentar. me apaixonei pelo esporte de cara, era divertido e não muito complicado: eu e minha dupla levávamos tudo na brincadeira, os erros eram engraçados e a atmosfera era leve. o problema foi quando começamos a jogar com o pessoal mais avançado, foi aí que tudo mudou.
os erros eram o fim do mundo e entrar em quadra era um tormento. desisti. abandonei o esporte.
eu não era a melhor jogadora, mas não foi por isso que eu comecei a jogar. eu nunca quis ser a melhor. mesmo assim, eu me deixei levar pelo medo do que os outros iriam pensar de mim caso eu falhasse. falhasse em algo que eu nem sequer queria ser bem sucedida. que loucura.
e percebi que era a mesma coisa que eu estava fazendo aqui com a escrita. eu não quero ser a melhor escritora de todas. não é meu objetivo. e se é assim, por que ter receio de escrever e não ser boa o suficiente? por que me impedir de fazer algo que eu gosto, de novo, por medo de falhar?
por isso venho aqui propor que nos permitamos sermos ruins em algo. às vezes nosso melhor é o pior da outra pessoa, mas nem por isso a gente deve desistir do que nos faz bem.
não dá pra ser o melhor em tudo. eu gosto muito daquela história que a jout jout contou uma vez das duas irmãs: a mais nova estava desenhando, a mais velha chega e fala “nossa, esse desenho tá horrível, ficou muito ruim”. a pequena então responde “e daí? eu sou boa em outras coisas”.
eu sou boa em outras coisas!!!!!
essa é minha nova filosofia de vida: tudo bem eu ser péssima em certas coisas porque eu sei que sou boa em outras. ser ruim em algo NÃO dita o meu valor. não me faz menos que ninguém.
olha que coisa mais simples mas ao mesmo tempo tão difícil de acreditar.
essa edição é uma continuação daquela sobre medos, fracasso e medo de errar: é um convite ao desafio. é sobre lidar com o erro e com a falha, e aceitar que em certas situações a gente vai se sair mal, vai errar e vai fazer cagada mas tudo bem, porque tem outras coisas que a gente vai acertar.
beijão e até a próxima s2
ps.: dessa vez prometo que volto semana que vem.
O que é ser melhor? Talvez somente uma expectativa, portanto, se permitir reconhecer não ser o melhor em muitas coisas é ato de sabedoria! Bju
senti que estava dentro da minha mente. entendo tão bem essa sensação…