eu mudei.
ainda bem
Eu já tive unha comprida e curta, já tive letra cursiva e de forma, já quis ser médica e artista, já quis pintar meu cabelo de rosa e hoje nem penso na possibilidade, já fui neurótica com comida e hoje como pra nutrir, já fiz teatro, patinação artística e crochê, já fui presidente do grêmio estudantil e já apresentei um trabalho sobre danos da radiação uv ao dna em uma feira de ciências.
Muitas dessas coisas aconteceram ao mesmo tempo e outras foram mudanças que aconteceram ao longo do tempo. E sei que eu ainda vou mudar muito.
Só que muitas das vezes essas mudanças não acontecem da maneira mais suave do mundo. Não porque elas não são boas, mas porque a gente não se deixa mudar.
Qual foi a última vez que você se permitiu a mudança?
Às vezes a gente se agarra a uma ideia fixa de quem somos e não nos permitimos fugir disso. Vai ver que desde criança você repete pra si mesma “eu sou a fulana que gosta de laranja e de comer frango”. Aí você descobre com vinte anos de idade que, na verdade, você odeia laranja e gosta mesmo é de comer camarão. Vai se forçar o resto da vida a comer frango e usar laranja porque a sua eu de oito anos falou que ia ser assim e pronto?
A verdade é que nós seres humanos somos condicionados à mudança. Segundo um artigo da revista Super Interessante, tudo que nós somos está encapsulado na massa de 1,5 quilo que forma nosso cérebro. Lá dentro, existem 86 bilhões de neurônios, que se conectam e formam um emaranhado de troca de sinais elétricos e substâncias químicas. É daí que surge quem somos. Nossas emoções, nossos amores e dores, nossas memórias, nossos desejos, nossos sonhos, nossa forma de entender o mundo. “A cada experiência de vida, novas conexões nascem, outras morrem.” E nós mudamos.
Você não é a mesma pessoa que era semana passada. Você tem noção que quando aprendemos algo novo o nosso cérebro passa por uma transformação física real?
Mesmo assim, insistimos em permanecer os mesmos. E não só não nos permitimos mudar, como esperamos que o outro não mude. Que ele não troque de estilo, de cabelo, de opinião política, de comida favorita…
E sabe por que eu acho que isso acontece? Porque a gente se agarra nessas ideias bobas como se isso fosse quem a gente é. Mas quem é você quando você tira tudo isso?
Você não é sua cor favorita, não é o esporte que pratica, você não é seu hobbie, a cidade que você mora, a sua família, a comida que mais gosta, a estação do ano preferida, caramba você não é a sua profissão, você não é nem seu corpo.
Porque essas coisas mudam e podem mudar. E a gente precisa se permitir mudar e permitir que o outro mude.
Então, da próxima vez que a vida te der a chance de mudar, agarra ela e muda. Troca de roupa, de sonho, de caminho. Permita-se ser outra versão de si. Não pra agradar o outro, mas pra honrar o que você está se tornando.
Crescer não é descobrir quem você é e ficar aí pra sempre. É continuar se descobrindo todos os dias.



Amei o seu ponto de vista sobre a questão de vivemos em constante mudanças
Foi lindo ler isso! Arrasou